Tem dias que eu só quero dançar em cima dos cacos e ele descalço vem dançar comigo!
Escrever sempre foi uma forma bonita de conviver com meus próprios medos e por ter medo de deixar o passado ir, sempre me agarrei a escrever sobre ele, ele era o meu medo maior. Quando ele se foi pela última ou primeira vez eu chorei por horas, porque todas as cartas que tinha escrito pra ele e todos os desejos inconfessáveis guardados para ele, à partir daquele momento, deixariam de existir em mim, porque o passado para mim não era uma roupa que não me servia mais. O passado era uma dor que eu vestia e me agarrava para dar maior brilho e significado as alegrias do presente, o passado era uma conveniência que me fazia enfeitar os dias atuais... E eu também gostava da ideia de que no meu passado chovia e me assustava com o meu presente árido de flores murchas. Abandonar a escrita era a minha forma de abandonar o passado porque é impossível escrever de presente, quando escrevo agora, já passou. Já o passado não, o passado a gente pode eternizar, ele não se esvai como o ago...
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