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[ Não vim falar de amor ]

Escrever sempre foi uma forma bonita de conviver com meus próprios medos e por ter medo de deixar o passado ir, sempre me agarrei a escrever sobre ele, ele era o meu medo maior.

Quando ele se foi pela última ou primeira vez eu chorei por horas, porque todas as cartas que tinha escrito pra ele e todos os desejos inconfessáveis guardados para ele, à partir daquele momento, deixariam de existir em mim, porque o passado para mim não era uma roupa que não me servia mais.

O passado era uma dor que eu vestia e me agarrava para dar maior brilho e significado as alegrias do presente, o passado era uma conveniência que me fazia enfeitar os dias atuais...

E eu também gostava da ideia de que no meu passado chovia e me assustava com o meu presente árido de flores murchas.

Abandonar a escrita era a minha forma de abandonar o passado porque é impossível escrever de presente, quando escrevo agora, já passou. Já o passado não, o passado a gente pode eternizar, ele não se esvai como o agora, e de tão bonito que ele é, é que me agarro a ele novamente para escrever para um futuro, para escrever sobre o tempo que eu voltei atrás de mim mesma e não por querer auto-conhecimento.

O querer de agora é só o de fazer chover em outra terra que não seja fronha da minha cama que já não aguenta mais tanta água sem florescer.

Deixo o passado então sangrar e te convido pra colher os girassóis!

Bem-vindo ao novo randômicas, se prepare para me ver revirar o passado (de novo)!

Fonte: http://thebrightnessofbeing.typepad.com



Comentários

  1. "O querer de agora é só o de fazer chover em outra terra que não seja fronha da minha cama que já não aguenta mais tanta água sem florescer."

    O gênero de associação que sempre me lembrou você pela beleza sutil impressa. Amo você e tuas palavras, amo teu retorno e tua permanência. <3

    ResponderExcluir

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